segunda-feira, 3 de março de 2008

maia y boavista

Músicos e compositores experientes, Carlos Maia (bocaiuvense) e Charles Boavista (montesclarense) trabalham juntos desde 2005.

A música de maia y boavista tem por cenário preferencial a natureza e a cultura do Norte de Minas, numa visão moderna e universal.

Charles Boavista foi um dos fundadores e principal compositor do Grupo Raízes, que, nos anos 70 e 80 marcou presença na MPB.

Carlos Maia Trabalhou junto com o jornalista Carlos Felipe e criaram o projeto “Vai de Trem” (anos 90) com duração de 04 anos com shows em Belo Horizonte (nas estações de metrô), Teatro Francisco Nunes e teatro da Assembléia Legislativa.

A dupla maia y boavista resgata hoje canções dos grupos Raízes e Agreste, passando por Sá e Guarabira, Banda de Pau e Corda e Novos Baianos, além de composições próprias.

Ainda em Belo Horizonte no dia 10 / 07 maia y boavista participaram do show em homenagem ao cantor e compositor Jorginho Santos no teatro Marilia em Belo Horizonte; no da 14/07 a dupla marcou presença no show em Sabará ( parque Ecológico Quinta dos Cristais) e no domingo em Lagoa Santa (Viadegrau) no “ Arraial do Rock”.


“O blues urbano e rock suburbano de maia & boavista”

Nasce um excelente dueto da música regional de Montes Claros. Colocar o pé na estrada foi o que fizeram os magníficos cantores: maia & boavista. Eles resolveram juntar os seus talentos e seguir trilhando a estrada da moderna música regional. De um lado o jovem maia com uma batida única na viola e o seu jeito meio dolente de cantar. Sabemos que ele é um artista romântico, fortemente influenciado pelo rock e pelo gênero apaixonante do imortal Roberto Carlos. Isso acontece porque ele mantém na sua música elementos da ‘Jovem Guarda’, os que conferem melancolia especial em grande parte de sua belíssima obra. Do outro lado, a experiência inabalável do mestre boavista, um artista que é incapaz de fazer uma música sem ter o cunho do viés social. Agora, numa nova roupagem, ele cruzou o seu gosto sertanejo com a música de raízes e definiu com maturidade artística a nossa boa música regional. A denominação impressa na primeira capa de edição especial apenas consiste pela qualidade dos trabalhos apresentados neste compacto disco e não pela quantidade de canções que o álbum musical constitui. É tão somente por isso que maia & boavista nos apresenta o seu CD com apenas quatro belas canções, todas ainda inéditas, mas com sucesso garantido o que só é possível em duetos muito bem entrosados.

Em se tratando de música regional, a canção Fazenda Solidão que tem a parceria de roldão & maia, e mesmo sem o impacto e a novidade dos velhos tempos, ela se mantém com vigor austero a letra poética que diz de um lugar especial onde os encantos da natureza se confundem com a doce inocência das crianças brincando de pegador. Oh, que saudades dos meus tempos de criança! Em Fazenda Solidão os seus autores fazem da solidão um sentimento tão só em meio a tanta gente carente; eles soltam a imaginação dos tempos e buscam um paraíso eterno onde as nossas mágoas e angustias desaparecem por completo.

Numa outra canção, parece não miscigenar a calma dos namorados com a força natural da destruição dos tempos. Na escuridão da noite nasce o clamor dos desesperados para que o sol volte alumiar outra vez.

O alumiar de um sol candente em tempos vindouros. Embalados nos temas naturais, no raio de prata que fendeu o céu vai o manso carneiro pelo seu trilheiro junto ao seu povo. Como a maioria das músicas tem o seu tema centrado nos desacertos amorosos e no seu corolário de traição, vinganças e arrependimentos, nas músicas regionais a mãe-natureza tem lugar de destaque neste modelo de compacto-duplo. Os saudosos discos de vinil tocados nos gramofones e nas vitrolas com agulhas de cristal, os que foram lembrados pela dupla num momento de doces reminiscências.

Assim, na sinestesia do dueto, maia & Boavista, confessa-nos com ufania que fizera essas canções pensando no seu grande público. Os admiradores da boa música, aqueles que desejam usufruírem-se dos sonhos encantados, os sonhos contidos em música e alegria. Então, para ouvir maia & boavista é preciso ficar atento aos acontecimentos culturais da cidade. As suas músicas não se acomodam em standards óbvios, elas vagam naturalmente, isso porque sempre alcançam a preferência de um determinado público. O ilustre jornalista Luiz Carlos Novaes dizia com muita propriedade que “o panorâmico Boavista recortou o norte de Minas em sua obra, com a mesma precisão fotográfica que o bocaiuvense Maia fez sua junção nos vales do Jequitinhonha com o São Francisco”.


E por que ouvir maia & boavista?

Para apreciar uma boa música regional. Para se deleitar com a versatilidade e a sonoridade doce de uma frenética viola que chora ao lado do seu amigo violão com acordes bem definidos. E, finalmente, ouvir maia & boavista é uma rara oportunidade para ter contato com a obra de um dos duetos mais bem sucedidos na nossa querida cidade de Montes Claros: a cidade da arte e da cultura.


Dário Teixeira Cotrim

Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

Academia Montesclarense de Letras.